Essa é a história de uma administradora com diploma de fisioterapia e alma de veterinária.
Alexandra Costa sempre gostou bastante de animais e dizia que, quando crescesse, ia ter um sítio onde abrigasse todos os bichos de rua. Conforme crescia, a paixão aumentava, mas ela não tinha condições financeiras de pagar a faculdade de veterinária. Em 2002, precisando tomar uma decisão, optou por fisioterapia, que estava dentro de seu poder aquisitivo.
Mas, nas horas vagas, fazia serviços voluntários e chegou a concluir um curso de auxiliar de veterinária para ajudar em ONGs de proteção. Foi aí que ela viu que poderia somar a vontade de ajudar animais carentes ao retorno financeiro e, enfim, construir algo para que pudesse ajudá-los de maneira mais efetiva.
Essa é a história resumida da fundação da AmahVet, em 2016, que nasceu como projeto para ajudar animais – e acabou colocando a fisioterapia para escanteio na vida de Alexandra.
Atualmente, Alexandra trabalha de segunda a sábado, em rotinas que podem chegar a quatorze horas por dia, juntamente com uma equipe de veterinários, enfermeiros e profissionais. Finalmente, ela está vivendo o sonho de trabalhar por e para animais. Mas, como tudo o que é bom na vida, esse caminho não é dos mais fáceis.
Trabalho e doações
Alexandra é coordenadora administrativa da AmahVet: cuida do marketing, da gestão de pessoas e dos demais aspectos necessários para o pleno funcionamento da clínica. A empresa, apesar de recente, é uma referência na área, e compartilha com diversas clínicas e petshops seu centro cirúrgico próprio. Muitas dessas parcerias surgiram por conta de seu trabalho em prol dos animais: Alexandra já era conhecida dos veterinários por conta de seu trabalho voluntário.
Sua atuação em prol dos bichos continua até hoje – e vem se expandindo. Um bom exemplo é o serviço de farmácia solidária mantido pela AmahVet, ideia criada por Alexandra com o objetivo de reaproveitar sobras de medicamentos de animais que tenham ido a óbito antes do final do tratamento. As doações são repassadas a outros pacientes sem condições financeiras.
Alexandra leva seu sonho de ajudar animais a sério – e traz isso para a forma como a empresa funciona: além de atender proprietários de baixa renda, ou pessoas que resgataram animais mas não tem condições de cuidar, ela também trabalha com arrecadação de ração para doação e instiga a equipe a levar as inovações da saúde humana para a área de saúde animal sempre que possível.
E é assim, com boa vontade e pesquisa, que ela leva a qualidade dos seus serviços até o paciente final.
Alexandra Costa, AMAH VET- São Paulo (SP)
Família pet
Na clínica, o tratamento nunca é recusado, o que traz um novo desafio para os negócios: manter o caixa em dia. Contudo, o valor monetário em nada se compara, para ela, ao da vida animal. Difícil mesmo, diz Alexandra, é ter que lidar com pessoas que tratam seus animais como coisas, deixando-os de lado ou maltratados.
Como toda pessoa com alma de veterinária, Alexandra também abre espaço no seu lar para receber uma família diferente: tem uma boxer de 13 anos, com ela desde os 3 meses, descarte de canil por ter problema articular. Outro membro é um bulldog que chegou com um tumor, sem ser castrado e sarna complicada de tratar. Há, ainda, um vira-lata que mora com ela em seu apartamento, vindo de um espancamento que ela presenciou – e acabou se metendo.
A família é grande, mas a certeza também é: ela só não tem animais em sua casa por questão de espaço.
Se o apartamento ficou pequeno para tanto bicho, o mercado veterinário ainda vai se expandir, segundo ela. “Antes os animais ficavam fora de casa e ninguém se preocupava se ele ia nos passar doenças ou não. Hoje, ele deita no sofá”.
Mas, para ela, o mercado pet só vai crescer com saúde se a população entender o valor de buscar os melhores serviços médicos para seus bichinhos de estimação. “É como um pediatra: você quer sempre o melhor pediatra pro seu filho, e não o mais em conta”.
Nesse quesito, a proposta da AmahVet é trazer atendimento de excelência a um preço acessível. Por outro lado, a administração deve ser criteriosa para gerir o caixa da melhor forma possível.
Ela entende que, de maneira geral, veterinários não se formam para serem administradores de clínica, mas sim pra curar doenças. Quando uma pessoa tenta fazer tudo isso ao mesmo tempo, algum aspecto acaba ficando em segundo plano – e, em clínicas veterinárias, geralmente é a gestão da empresa. O dono mistura despesas, fica sem controle sobre os ganhos reais, e quem acaba pagando por essa má gestão é o cliente final, já que ela se reflete no custo.
Essa compreensão transformou seu sonho: “se eu for veterinária, deixo de fazer uma boa gestão, e o projeto da clínica é todo sobre gestão. Se você quer ter um bom negócio e cuidar de detalhes para que vire referência, tem que ser um bom gestor, e não um excelente técnico”.
Alexandra Costa, AMAH VET- São Paulo (SP)
Empatia em expansão
O segredo do sucesso, para Alexandra, é se importar com detalhes. “Aqui a gente pensa em cada detalhe e reflete a partir da visão que o cliente teria da nossa empresa”.
A SimplesVet entra na vida de Alexandra quando sua equipe administrativa começou a buscar um software para que a gestão pudesse ser feita de forma clara e os clientes finais pudessem estar a par dos acontecimentos com seus animais.
Se, ao começar essa aventura, apenas um dos três veterinários da AmahVet já tinha trabalhado com sistemas, hoje o corpo clínico não se imagina atuando sem a ajuda de um. Com a SimplesVet, em uma única tela, os médicos conseguem ver histórico, prontuários e imagens de cada paciente. Algo que ela, com certeza, recomendaria a clientes.
Os próximos passos são expandir o consultório e triar cirurgias pela cidade, principalmente em locais carentes, para continuar na filosofia que mesmo as famílias mais pobres podem ter um amigo de patas.
Sua estrutura física atual é de 600 metros quadrados e os planos para o aumento do complexo já estão em execução.
Seu sonho de criança, de poder ajudar animais necessitados, toma corpo e aumenta a cada dia. “Nunca sonhei em ter uma clínica, mas sempre sonhei ajudar os necessitados”, conta Alexandra.
Com isso, o recado que ela gostaria de deixar para todas as famílias com pet é: valorizem cada minuto com com seus pets. Mesmo não sendo um ser humano, cada pet pode ser considerado e amado como membro efetivo da família.
Para nós, humanos, o caminho é claro: você nasce, cresce, vive a vida e, com sorte, morre bem velhinho, antes dos seus filhos e netos. Com o mundo animal, isso não existe: eles vivem menos – e é por isso que devem ser extremamente valorizados pelas famílias que os acolhem.
A mulher que, quando menina, sonhava em ajudar os animais, hoje, com boa parte desse desejo encaminhado, é enfática ao dizer que, quando um novo bicho chega a seus cuidados, mesmo em situações extremas, ela vai o valorizar mais do que um contracheque pode admitir.
Quando chegar a hora da partida quero ter a consciência tranquila de que fiz tudo por eles.
Alexandra Costa, AMAH VET- São Paulo (SP)
Só nos resta torcer para que cada adeus demore muito a chegar.
