Quem vai ao Recife e visita a Funpets, clínica veterinária que também atua como creche e hotelzinho, quase não acredita que Diogo Almeida de França, o proprietário, não é médico veterinário.
Nem administrador: Diogo é psicólogo. Depois de 15 anos atuando como gerente de RH, ele resolveu mudar seu foco de cuidado – dos humanos para os animais.
A história de sucesso da Funpets começa com o sonho antigo de Diogo de ter seu próprio negócio, ainda que não fosse na psicologia.
Pensando em como entrar no mundo do empreendedorismo, veio a ideia: por que não atender o mercado pet? Afinal, ter animais em casa faz com que as pessoas prestem mais atenção às necessidades dos bichinhos, o que torna o setor um excelente nicho mercadológico.
O primeiro passo de Diogo foi fazer cursos de adestramento, banho e tosa. Sim, um psicólogo adestrador de cães: ele entendia que, para gerir um negócio fora de sua área de formação, é necessário ter conhecimento técnico.
A sede pelo aprendizado o ajudou a desenhar um empreendimento que, hoje, é referência de excelência para todo um mercado.
A bagagem capaz de desvendar o caminho das pedras
Os 15 anos de experiência em RH de Diogo vieram a calhar. Tendo no currículo empresas como Unilever, Tim, Sadia, Bombril e Netshoes, o psicólogo empreendedor lapidou seu perfil de liderança e entendeu, com as multinacionais, que ter seu próprio negócio era mais que um desejo: era uma urgência.
Diogo montou uma clínica com pet shop e continuou estudando o mercado pet, não só de Recife, mas de todo o Brasil. Seis meses depois, a Funpets ampliou seu “cardápio” de serviços: agora, a empresa tinha creche e hotelzinho, buscando suprir a necessidade de quem ama o seu animal – e não quer deixá-lo sozinho em situações como viagens, festas e compromissos.
Mas nem tudo é definitivo. Discutindo com profissionais da área e percebendo o avanço tecnológico no setor pet, Diogo notou o surgimento de aplicativos de pet sitters – em que era possível contratar pessoas dispostas a cuidar de animais, com valores diários relativamente baixos. Isso tornava o plano de negócios de um hotel menos interessante: afinal, ainda que um hotel fosse mais profissionalizado, os valores desse diferencial não eram competitivos.
Sempre de olho no que o mercado pet traz de novo, Diogo encontrou um modelo que, já consolidado na região Nordeste, tinha pouca entrada em Recife: o da creche.
Diogo França, FUNPETS – Recife (PE)
Em Recife, haviam poucas opções de creche animal, o que mostrou a Diogo um espaço ainda inexplorado – e, ainda assim, muito promissor.
A Funpets nasceu antes de tudo isso; mas, hoje, é a creche quem dá à empresa o escopo de crescimento que ela busca.
Mundo pet raiz ou Nutella?
A Funpets é toda projetada para que o cachorro possa se molhar, mexer na terra e se divertir – com monitoramento constante. Uma das maiores satisfações de Diogo é ver a animação dos animais quando chegam à creche. Muitos, ele conta, já identificam o caminho e ficam mais empolgados conforme se aproximam do local.
O espaço é apenas um dos muitos fatores que levam a esse resultado. Outro aspecto importante é o atendimento: para ele, a excelência no trato com as pessoas e os cães é fundamental.
O retorno monetário, ele diz, é imprescindível. Ninguém abre uma empresa porque acha o mercado bonitinho, mas é preciso levar em consideração que o bem que as pessoas entregam aos cuidados da creche é precioso: seu pet, parte de sua família.
Por isso, é indispensável que os clientes reconheçam que a Funpets tem trato, carinho e cuidado com cada um dos animais que atende.
Mais do que pagar pelo serviço, as pessoas precisam confiar nele.
O slogan da empresa é “ambiente completo para seu pet”, e resume toda a ideia do que é o negócio da Funpets.
O empreendimento se expande para a internet, onde Diogo criou um marketplace para produtos pet, já que “estar em todos os canais possíveis de venda” é uma prioridade de seu plano de negócios.
A visão holística do mercado ajudou Diogo a se manter tranquilo quando, três meses depois da inauguração da Funpets, uma clínica veterinária foi aberta a três casas de distância, na mesma rua – fruto de uma faculdade de medicina veterinária que também está no mesmo endereço. Além disso, no mesmo ano em que abriu seu empreendimento, Diogo acompanhou o boom de grandes redes concorrentes no Recife. Ele aproveitou, a favor da sua empresa, uma demanda criada pelas grandes marcas: o desejo de ter um animal – e cuidar bem dele.
Hoje, clientes que compravam das megalojas veem, na Funpets, um espaço de serviços personalizados, com preços competitivos, e que entregam muito mais do que as grandes poderiam – como, por exemplo, o controle de ração de cada pet, o serviço de táxi-dog e a relação familiar estabelecida pela empresa com os tutores e os animais.
Desafios que enobrecem a jornada
Para Diogo, o grande desafio do setor ainda é a forma de tratar o animal. “Ainda vemos muitas estruturas precárias e formas equivocadas de vender o serviço. Às vezes, o que é ofertado não é entregue”, diz. Além disso, a precificação adequada também é um obstáculo a ser vencido.
Por isso, trabalha forte o valor da relação pessoal entre gestores e colaboradores, confiando plenamente nas pessoas que trabalham com ele. Na busca pelo perfil ideal de funcionário, privilegia características como bom-humor, confiança e tranquilidade.
Como um psicólogo que resolveu apostar no mundo pet, Diogo sabe: ir de empreendedor a empresário é um grande passo.
Você tem um sonho e, quando coloca no papel, vê que nem sempre é como se pensa, mas ainda dá para fazer o melhor possível, ajustando a rota.
Diogo França, FUNPETS – Recife (PE)
O segredo do sucesso: liderança participativa e simplificação dos processos
A Funpets começou, como a maioria das empresas, como um negócio de pequeno porte. Hoje, é um empreendimento de porte médio. Avançar é excelente, mas tem, como efeito colateral, a potencialização de algumas dificuldades de operação.
Em sua experiência pregressa, a relação era de chefia: ele mandava, as pessoas faziam. Hoje, essa dinâmica não cabe mais. Agora, sua liderança é participativa.
O segredo do sucesso, para Diogo, é investir nas pessoas e cuidar bem dos processos. Para o investimento em pessoas, defende que cada colaborador deve estar na empresa por um propósito e entender seu papel dentro dela. “Às vezes, as coisas não funcionam porque as pessoas não sabem o que estão fazendo ali”, diz o empresário.
Nos processos, inovar na prestação do serviço é indispensável – e é aí que entra a SimplesVet, sistema de gestão fácil e intuitivo. Simplificar um gerenciamento que, por sua natureza, é detalhista, metódico e potencialmente cheio de falhas é, para Diogo, a inovação mais importante.
Segundo ele, o sistema online, que possibilita o acesso de onde o gestor estiver “é fantástico” o suficiente para fazer parte do demonstrativo de sucesso de negócios – que ele mostrou ao banco ao solicitar um financiamento.
“É um sistema extremamente intuitivo, muito fácil de trabalhar”, ele diz. E completa: “Isso facilita a gestão no dia a dia. Você rapidamente conhece, entende e opera. E não precisa ter servidor dedicado para que o programa funcione”.
Diogo França, FUNPETS – Recife (PE)
Se ele recomenda o software de gestão veterinária da SimplesVet para colegas e concorrentes? “Sim, sem dúvida”. Afinal, uma das armas contra a competitividade desleal do setor é o crescimento conjunto de todos. Concorrência não pode ou deve ser uma relação de inimizade, pelo contrário: empresas que se fortalecem juntas constroem cada vez mais espaço de crescimento – e ele existe para todo mundo que presta um bom serviço.
Há mais mercado para quem está atento
Para Diogo, muita coisa mudou no mundo pet dos últimos anos para cá. O cachorro saiu do quintal de casa e foi para o sofá da sala, e isso é apenas o começo.
Ele não acredita, como psicólogo, na humanização do animal – que tem suas limitações e desejos de cão, e não de gente. Mas percebe que os proprietários, hoje, também têm uma relação de dependência emocional com seus pets, o que representa uma das muitas mudanças de paradigma que estão acontecendo.
Quem acompanhar as tendências pode ter oportunidades de empreendedorismo excelentes, como o surgimento de locais de convívio humano que aceitam animais: shoppings, academias e restaurantes são alguns exemplos. Esse é um caminho sem volta, diz, fazendo com que até as construtoras se organizem para criar imóveis com praticidade pet. Moradias que proíbem animais, por exemplo, já perdem pontos com a população.
A carona pet friendly também é um nicho a ser explorado. Com a necessidade do público de transportar animais no dia a dia, o público busca empresas que estejam abertas a essa demanda.
Diogo sugere: antes de partir para a ação, é preciso estudar muito.
Diogo França, FUNPETS – Recife (PE)
Ele também alerta: tenha cuidado. No mercado de creches, por exemplo, é imprescindível saber fazer a leitura do animal, antes mesmo de aceitá-lo como “aluno”, verificando se ele vai se dar bem com os animais e a equipe atual. Além disso, trabalhe o atendimento ao cliente de forma personalizada, para que ele se sinta seguro para deixar seu pet aos cuidados de outras pessoas.
No objetivo de fortalecer o mercado de creches e hotéis para animais e, assim, fomentar seu próprio nicho, Diogo dá um recado final: “a creche, em si, não tem custo inicial muito alto. Mas é preciso ter um espaço muito legal, com árvore, ventilação. O espaço tem que estar bonitinho: mas não é para o cachorro, que não tem raciocínio estético, e sim para o dono. Quanto mais atrativo ao dono for o espaço, mais ele se inclina a deixar seu pet nesse lugar”.
Para quem ama animais, saber se relacionar com os humanos que cuidam deles é um fator decisivo para empreender no mundo pet.
