História de sucesso

Loide Machado

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Prosilvestres | RJ

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Quem vê a médica veterinária Loide de Melo Machado, 43, sotaque de quem foi nascida e criada no Rio de Janeiro, cheia de estilo e cuidado com os animais silvestres, não imagina que ela foi uma criança bagunceira. De tanto brincar em casa, ou na rua, vivia machucada, o que fazia com que sua mãe sempre tivesse uma farmacinha em casa.
 
O que isso tem a ver com a história que vamos contar hoje? Tudo. Afinal, foi com esse cenário que ela enxergou, aos nove anos de idade, que queria ser veterinária.
 
Nas brincadeiras de rua, Loide resgatava gatos. Por quê? Porque, quando eles estavam feridos, ela já sabia o remédio certeiro: o mertiolate da farmacinha de sua mãe. O que servia só para ela acabou se tornando uma “ferramenta para tratar felinos”.

Em pleno século XXI, a mensagem é: não faça isso em casa. Mas, no início da década de 1980, espelhar o cuidado que ela recebia nos gatos que resgatava mostrou que, embora crescesse em uma cidade com mar, sua praia mesmo era viver entre os bichos.

A carreira de Loide na veterinária, no entanto, não começou com o jaleco de doutora: ela começou a trabalhar em clínicas aos 18 anos, mas em setores administrativos. Ela gostava de estar perto dos animais, continuava querendo cuidar deles, mas se frustrava com a atitude dos clientes da clínica onde trabalhava. Muitos se lamentavam a cada orçamento, muitos pediam que o bicho sofresse eutanásia para que não precisassem gastar dinheiro.
 
O “potencial descartável” que os animais tinham para as outras pessoas, e a postura dos humanos frente ao sofrimento animal, acabou desanimando Loide na época de prestar vestibular. Mas a natureza pulsava nela – e a moça do mertiolate nos gatos acabou escolhendo biologia. Esse curso tinha relação com os animais, ela achava que não iria se estressar… mas, antes do início das aulas, ela já se sentia meio perdida.
 
Não era bem isso que ela queria.

Uma amiga veterinária da clínica em que ela trabalhava foi quem abriu os olhos de Loide: nem todo o desânimo do mundo é capaz de matar sonhos verdadeiros. Essa médica a relembrou que seu maior sonho, desde criança, era a veterinária. Por isso, não adiantava buscar essa realidade na biologia. Era como andar em círculos. A mulher dinâmica, que antes foi uma criança agitada, percebeu que se arrependeria se, pelo menos, não tentasse a medicina veterinária. Loide nem chegou a assistir às aulas de biologia. Na primeira oportunidade, tentou outro vestibular, para medicina veterinária, e passou.
 
E, desde esse dia, as coisas mudaram um pouquinho…

Uma selva na selva de pedra

Loide passou a vida toda amando gatos, mas, em algum momento, na faculdade de medicina veterinária, seus olhos começaram a brilhar pela área dos silvestres. Faz sentido: Loide mora na cidade que abriga a Floresta da Tijuca, uma das maiores florestas urbanas do mundo, com a biodiversidade que encanta multidões.
 
Como a cidade do Rio de Janeiro já estava cheia de bons cuidadores de cães e gatos, e uma enorme população silvestre a ser assistida, a jovem veterinária começou a pensar na possibilidade de se especializar nessa área. Em um estágio, conheceu Júlio, seu sócio, que também era atraído pela ideia de cuidar de silvestres. Ele, por sua vez, tinha um amigo, Rafael, que era veterinário anestesista e também curtia a ideia de ser um ponto fora da curva.

Foi assim que nasceu a Prosilvestres, clínica veterinária do Rio de Janeiro que cuida da selva natural que existe dentro da selva de pedra. No coração de Copacabana, na zona Sul carioca, um recanto em que os principais hóspedes são aves, porquinhos da Índia, porcos-espinhos, coelhos, corujas, cobras e lagartos.

 

Desde que Loide e os sócios abriram a clínica, o paciente que mais a marcou foi um furão. Mamífero, carnívoro, da família dos Mustelídeos, o furão é um bicho que se tornou, pouco a pouco, uma companhia doméstica para as pessoas. Quando um exemplar da espécie chegou na mesa de operações de Loide, ela se dedicou a salvá-lo. Com isso, se manteve na clínica por cinco dias, sem voltar para casa, no intuito de acompanhar de perto a recuperação do pequeno paciente.

Ela é o tipo de profissional que se envolve com o caso de seus pacientes. Tanto que, ao cuidar de um coelho que precisou ter a perna amputada, pedia novas informações sobre o paciente quase que de hora em hora.

Ele voltou para a casa quando Loide viajou para um congresso. De lá, recebeu uma ligação:
 
–   Loide, você está bem? Está sentada? Preciso te dar uma notícia ruim, mas não quero que você se desespere. O coelhinho faleceu.
 
Do outro lado da linha estava a tutora do coelho, que convivia diariamente com ele, tentando tranquilizar a veterinária que, longe de casa e da clínica, perdia um paciente querido. Ela ficou tão preocupada com a reação da dedicada Loide, que sempre atuou com o máximo profissionalismo e seriedade, que tentou avisá-la da perda com o maior tato possível.

É dessa forma que Loide chega, pouco a pouco, cada vez mais perto da vida silvestre: se dedicando a ela com tanto amor e cuidado quanto fazia com os gatinhos e um vidro de mertiolate. Só que, agora, os medicamentos mudaram, os bichos mudaram e a realidade mudou. Para melhor.

Cuidado com os detalhes

Todo dia é uma aventura na sede da Prosilvestres, principalmente se houver algum réptil fazendo exame de sangue… 😉
 
Pra quem não sabe, encontrar a veia de um réptil é um pouquinho mais… complicado… do que fazê-lo em mamíferos e aves. Mas isso é fichinha para a equipe da clínica. Quando perguntada se não tem medo de ser atacada, já que o senso comum fala que os silvestres são mais arredios – e perigosos, como no caso das cobras e das aves de rapina –, Loide diz que não. “Eu não tenho medo dos bichos e, por isso, a manipulação é mais fácil”.
 
Será que ter treinado, ainda com gatos, enquanto criança, fez a diferença? A gente aposta que sim. Essa atenção infantil também a treinou para o que, mais tarde, lhe daria o apelido de “a chata do curativo”. Se não estiver perfeito, confortável ao animal, na medida do possível, e genuinamente bem feito, Loide refaz. E refaz. E refaz, até estar satisfeita.
 
Isso é apenas uma das muitas características que garantem que, na Prosilvestres, um animal estará sempre em boas mãos.

Inclusive, embora tenha a paciência de lidar com as demandas humanas que adentram as clínicas veterinárias com os bichos de estimação, Loide e sua equipe não estão para brincadeira. A médica já se recusou a prestar atendimento a tutores que gostariam de realizar eutanásia animais para não pagar pelo tratamento. Quando vê que o caso tem solução, mas o humano não quer se dedicar a ele, ela não dá fim à vida animal. Seria pedir muito de quem se dedica a salvá-la antes mesmo de aprender a ler.
 
Quando o assunto é cuidado de silvestres, Loide vê diferentes perspectivas. De um lado, estão pessoas que não dão valor financeiro aos animais. Não querem pagar por um procedimento porque acham “caro demais para bichos tão pequenos”, como um hamster, uma calopsita ou um papagaio. 
 
Por outro, tem “o camarada que paga caro por um animal, que pode custar até 70, 80 mil reais, e ser mais objeto de decoração do que, de fato, companhia, e não vai dar valor a uma consulta que ele considera barata”, nas palavras dela. E há ainda os que tratem seus silvestres como filhos – a minoria, segundo a veterinária.
 
Isso exige ainda mais personalização no atendimento, para que todos os tutores possam encontrar valor e confiabilidade na Prosilvestres, independentemente do bichinho que trazem aos cuidados da equipe.

As vantagens de ser Prosilvestres

A estrutura da Prosilvestres é extremamente equipada para lidar com os mais diversos tipos de espécies – inclusive os cães e gatos, que também são atendidos pela equipe da clínica, que tem sete anos.

Segundo Loide, é difícil manter uma clínica apenas de silvestres, já que são muitos impostos para pouco retorno. Ainda que a ideia inicial fosse trabalhar apenas com essa diversidade animal, os pets entraram no radar por questões financeiras e mercadológicas.

Loide conta que, depois de abrir a própria clínica, começou a ganhar menos, mesmo que trabalhe tanto ou até mais que antes. Se ela se arrepende? Absolutamente, não. Quando pensa no que a Prosilvestres faz, ela vai além do atendimento básico e de emergência a animais que não se enquadram no que a maioria dos lares brasileiros busca. Ela vê, também, a oportunidade de mudar o comportamento do humano quanto à rotina veterinária dos animais.

Segundo Loide, muitas vezes a intervenção veterinária é feita tardiamente, quando o bicho já está em sofrimento e o tempo hábil não é o suficiente para salvar a vida do animal. As pessoas esperam muito tempo para prestar socorro, fazendo com que os bichinhos já cheguem aos seus cuidados em estado terminal.

Loide Machado, PROSILVESTRES – Rio de janeiro (RJ)

A Prosilvestres tenta mudar essa realidade – e faz isso de dentro pra fora. Loide apoia todos que a procuram com o intuito de querer fazer medicina veterinária, mas não é tão amigável à ideia de quem pensa em abrir clínicas. Sua sugestão é que o profissional dê esse passo só quando tiver certeza do que realmente quer. Lembra que, no início do empreendimento, não se ganha rios de dinheiro. Pelo contrário, é preciso investir, e muito, na melhoria dos processos.

A SimplesVet é uma das ferramentas que a Prosilvestres utiliza no dia-a-dia para melhorar, cada vez mais, a administração da clínica. Antes, a documentação de tudo era feita no Excel, ou em outros programas que, para Loide, “eram bem feios e complicados”. A simplicidade que o software traz à rotina veterinária é o que fez brilhar os olhos dos sócios – mesmo porque, de complicado, basta achar a veia de um réptil. 

Depois da experiência de sucesso, uma apaixonada Loide se auto intitula “garota propaganda da SimplesVet”, indicando o sistema para todo mundo. Ela se orgulha, inclusive, de ver mudanças no programa que foram sugeridas por ela, através dos seus feedbacks.
 
Com soluções como essas, Loide se vê mais perto de uma rotina de trabalho menos estressante e ocupada com burocracias. Isso possibilita que ela busque fazer ainda mais pelos pets e silvestres que impulsionam, desde sempre, a sua vida.

“Se for para sonhar, sonha direito”

Quando Loide fala, o mundo presta atenção. Ela é o tipo de pessoa que tem certeza do que quer e, por isso, está mais apta a encontrar as respostas. Quando perguntada se tem um sonho, daqueles que a empresa pode ajudá-la a alcançar, a quase-bióloga e felizmente médica veterinária diz: comprar um sítio. E ter uma jaguatirica.

Jaguatirica, doutora?!

É claro! Se é pra sonhar, sonha direito! Sonha com aquilo que é quase impossível ser realizado, pois, se for realizado, é sinal de que você fez tudo o que podia para conquistar o sonho.

Loide Machado, PROSILVESTRES – Rio de janeiro (RJ)

Ter uma jaguatirica se enquadra perfeitamente nessa definição, já que, hoje, não é permitido ter um animal silvestre como esse fazendo as vezes de pet, mesmo que haja o compromisso de cuidar muito bem dele… é por isso que o outro sonho de Loide, para os silvestres, são leis ambientais mais maleáveis, já que as de hoje são proibitivas, instigam o tráfego e alimentam a politicagem que não traz retornos positivos à população de animais silvestres.

Ela também espera que as pessoas deem mais valor a esses animais – e que os vejam como tal, e não como ornamentos caros para mostrar aos amigos. Por isso, é imprescindível que o tutor entenda sobre o animal pretendido antes de adotá-lo ou comprá-lo e cuide dele preventivamente. “Com o Google, ter erro de manejo em 2019 é inadmissível!”.

No contato pessoal com Loide, vendo as fotos da clínica no Instagram e sendo testemunha ocular de como ela se relaciona com todo tipo de animal silvestre, desde aqueles que são abandonados na rua até aqueles que custam mais que um carro popular, fechamos o dia com uma certeza: a biologia, para Loide, seria realmente muito pouco.
 
Junto aos animais, aos tutores e à equipe que formou para prestar um atendimento excelente a silvestres no coração do Rio de Janeiro, ela se diverte. Tem a energia que sua especialização demanda e a tranquilidade no olhar de quem sempre soube, desde quando passava mertiolate em gatos, que é no jaleco de médica veterinária que deveria estar.
 
A jaguatirica que, futuramente, cruzar o seu caminho, estará em seu dia de sorte.

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O SimplesVet é um sistema de gestão de pet escolhido por mais de 6.000 clínicas veterinárias e petshops. Estamos em todo o Brasil, simplificando a rotina de quem ama cuidar dos animais.

Desde 2013, estamos nessa jornada colecionando histórias inspiradoras – de muito trabalho e sucesso. Por isso, criamos esse projeto de Histórias de sucesso para dar voz a essas pessoas incríveis.

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