História de sucesso

Vanessa Ferraz

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Clínica Strix | SP

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Quando tinha nove anos, Vanessa, que sempre gostou de bichos (e refletia sobre a possibilidade de fazer Zootecnia porque achava que, assim, poderia trabalhar no zoológico), visitou o parque aquático Sea World, nos Estados Unidos.

Na época, ainda era possível ao público chegar perto dos tanques dos golfinhos, e foi exatamente isso que Vanessa fez: à noite, viu uma brecha e começou a brincar na água. Um golfinho se aproximou e ela fez carinho no bicho, bem na hora em que uma pessoa que ela não conhecia tirou uma foto desse momento de afeto.

A fotografia, que hoje Vanessa guarda com carinho, marcou um ponto sem retorno em sua vida: foi naquele minuto, em que encostou a mão no animal, que ela teve certeza absoluta que queria trabalhar e cuidar de animais selvagens.

Hoje, aos 38 anos, ela é diretora clínica e fundadora da Strix, clínica veterinária com foco em animais domésticos e selvagens. O nome significa “coruja”, em grego, denotação de sabedoria e atenção constante – uma homenagem da eterna pesquisadora a uma de suas grandes paixões: as aves de rapina.

Se hoje a Strix tem rumo certo, a carreira acadêmica de Vanessa começou um pouco no ar: aos 17 anos, entrou na faculdade de biologia, porque achava que a veterinária só ia lhe ensinar a trabalhar com cachorros, gatos e vacas.

Vanessa Ferraz, CLÍNICA STRIX – São Paulo (SP)

Mas nem a natureza inteira como matéria de prova foi suficiente para a menina que queria estar sempre em contato com animais selvagens.

Anos depois, com mais maturidade, conseguiu aproveitar e direcionar seus estudos dentro da medicina veterinária. Conheceu a iniciação científica de perto e se apaixonou por cirurgia. No último ano da faculdade, fez estágio na Flórida, onde sentiu seu primeiro grande baque profissional.

O veterinário responsável por seu setor anunciou a chegada de um paciente diferente: um gavião com um tipo bem específico de fratura. O orientador de Vanessa sugeriu que ela fosse para casa, estudasse as opções de tratamento e voltasse com uma solução, em uma época sem Google ou outras facilidades de comunicação para achar a saída em um espaço curto de tempo.

Depois de varar a noite com pesquisas, descobriu que não tinha nenhuma técnica descrita para esse tipo de fratura, mas não se deu por vencida. Passou o resto da noite tentando descobrir o que fazer e chegou a desenvolver uma técnica para isso.

Orgulhosa e aliviada, contou ao professor sobre a saída encontrada. Eis que a vida selvagem cobra seu preço: o orientador parabenizou os esforços de Vanessa mas disse que o animal teria que ser sacrificado de qualquer jeito.

Acontece que a técnica desenvolvida por ela não iria restaurar o animal 100% – e absolutamente nenhum ser vivo tem chances de sobreviver na natureza selvagem se não estiver em suas plenas capacidades.

O personagem Rocky Balboa, de Sylvester Stallone, fala que o mundo é um lugar cruel – e que ninguém vai bater tão forte quanto a vida. O importante, de fato, é o quanto alguém consegue apanhar e continuar lutando.

A desilusão de Vanessa com o gavião foi a profecia de Rocky se tornando verdade: ela ia continuar lutando. Ela ia fazer a diferença.

E fez.

Um leão por dia

A família de Vanessa é formada por três filhos, cães, gatos, jabutis e cágados, além de um marido que compartilha com ela a profissão e a paixão pela vida animal. Durante a construção dessa vida, ela se jogou em pesquisas, deu aulas em universidades e fez diversos trabalhos voluntários para a reabilitação de animais silvestres.

Operou em zoológicos e centros de reabilitação Brasil afora, sempre sentindo que o melhor caminho seria abrir um lugar para exercer sua profissão do jeito que achava melhor e com os recursos que julgava adequados. Foi aí que abriu a Strix, sua clínica, que tem toda a estrutura pensada para ser aconchegante e confortável, tanto para animais e tutores quanto para sua equipe médica.

Aliás, através de suas pesquisas e imersões pelo mundo, viu que o foco deveria ser na enfermagem, para que o animal nunca ficasse desguarnecido enquanto o veterinário passasse algumas informações para os humanos que os levavam ao atendimento. Afinal, nas clínicas que visitou, sempre via que o médico se dividia entre as perguntas dos humanos e as necessidades dos animais. Com uma boa equipe de enfermagem, enquanto o médico se relaciona com o cliente no pós-atendimento animal, os enfermeiros se encarregam de ficar à disposição do paciente.

Nos últimos anos, acumulou boas e curiosas rotinas de trabalho: fez cirurgia em leões, tigres e grandes aves. Já fez cesárea em animais venenosos e atendeu uma cobrinha que pesava 7g – até hoje, seu menor paciente.

Medo de lidar com esses animais não é uma coisa que passa por sua cabeça, já que trabalha com conhecimento, atenção e protocolos de segurança seguidos por ela e toda sua equipe.
Afinal, ninguém anestesia um leão no susto. Todos se preparam e sabem a função de cada um em uma verdadeira operação de guerra para levar bem estar ao animal silvestre.

Se na mesa ela salva um leão por dia, na administração da clínica ela tem que domar várias feras para seguir em frente – incluindo altas tributações, estoques, equipe. Na Strix são vários veterinários fazendo atendimento geral, inclusive de animais domésticos.

Para Vanessa, ter um empreendimento veterinário no Brasil é “difícil, como tudo no país”. Na faculdade de medicina veterinária ninguém ensina a abrir uma clínica, quais são as regras, implicações e documentação necessária. Para que a Strix fosse, hoje, uma referência, Vanessa sofreu, correu atrás e aprendeu o que deveria ser aprendido.

Mesmo com a fase complicada do país, a Strix abriu em meio à crise e ao desânimo de aguardar liberações do governo, mas Vanessa acredita verdadeiramente que existe um mercado quando as coisas são bem feitas. Por isso, acabou estudando muito para abrir a clínica, participando de congressos no exterior e coletando cada informação que pudesse para seu iminente sucesso.

Para ela, é muito difícil ser responsável pelo estoque, compras, pessoal, marketing e, ainda, sair correndo para atender emergências. O segredo do sucesso é a persistência, o realismo e o apego aos números, e muita gente que entende de veterinária não sabe, realmente, o que é ser dono de um negócio.

Foi por isso que Vanessa criou um setor administrativo na empresa, contratou um bom software de gestão e começou a se ver cada vez mais perto de viver o sonho e estar, diariamente, com animais silvestres.

A maioria das pessoas não tem consciência, pé no chão. Antes de abrir o negócio, tem que sentar e fazer as contas: gastos, retornos, impostos, perdas, etc. Eu mesma já participei de uma reunião em trabalho de parto. Na semana seguinte, trabalhei amamentando. Minha filha inaugurou minha balança de gato.

Vanessa Ferraz, CLÍNICA STRIX – São Paulo (SP)

No corpo, na alma e no coração

Desde a noite no Sea World até hoje, a vida de Vanessa é uma grande aventura. Mas ela precisava de mais: organização, estabilidade e praticidade para manter sua principal fonte de receita de portas abertas. Foi aí que um colega, dono de uma clínica em Piracicaba, apresentou a ela o sistema da SimplesVet, que ela testou e gostou muito.

A solução chegou a ela quando estava com um ano e meio de empresa – e precisava exatamente desse tipo de ajuda para organizar o meio de campo. Vanessa diz que nunca para, que as telas do sistema ficam abertas em seu computador todo o tempo e que, mesmo à distância, ela consegue controlar tudo: vendas, internações, exames, estoque…

Ter um sistema unificado a auxilia não só a participar da empresa, mesmo quando não está fisicamente presente, mas, também, a pensar em novas metas para seu futuro. Afinal, quem foi que disse que empreendedor não pode sonhar com rumos de carreira e vida pessoal que destoam da rotina do escritório?

Ela quer estudar mais, aprender mais, criar seus filhos e vê-los crescendo bem. Ela quer estar junto e, ao mesmo tempo, solidificar suas habilidades e os padrões de qualidade da sua clínica, além de continuar dando aulas e ajudar a formar os melhores e mais conscientes veterinários do país.
Quando todos seus bebês – humanos ou profissionais, como a Strix – não forem mais dependentes apenas dela, Vanessa quer fazer trabalhos voluntários com animais selvagens ao redor do planeta e, quem sabe, lutar para melhorar as leis sobre a tutela de bichos selvagens no Brasil.

Um desafio para começar a ser vencido dentro das salas de aula, já que muito pouco se ensina sobre animais silvestres na faculdade de medicina veterinária.

Vanessa Ferraz, CLÍNICA STRIX – São Paulo (SP)

Para ela, as famílias brasileiras precisam refletir sobre as implicações financeiras de tutelar um animal, por menor que ele seja, é economicamente viável. Os custos para ter um pet podem ser altos – e não levar isso em consideração pode gerar abandono animal e outras consequências que geram muito sofrimento aos bichinhos. É preciso, também, lutar contra os maus tratos e a favor do amor dos humanos por seus animais de estimação.

“Para um pet, é importante exercer um papel na família, com regras claras a seguir. Ser vigia, companhia, filho: o animal pode ser tudo isso, mas o humano deve ajudá-lo a se situar dentro das suas condições. Sonho em conscientizar as pessoas que impor limites aos animais domésticos é uma prova de amor: o animal é bem mais feliz quando sabe seu lugar, seja ele qual for, dentro daquelas dinâmica”.

Já aos animais silvestres, muito pouco – ou quase nada – há para se ensinar; a apreciação é o único caminho possível.

Em sua experiência com o gavião do início da história, Vanessa aprendeu a difícil lição sobre os animais de vida livre: no mundo real, o animal é caça ou caçador.

Por isso, precisa ter uma performance perfeita. Se é caça e não consegue correr ou voar, vai ser predado. Se é caçador e não consegue fazer suas manobras de caça, não sobreviverá por muito tempo.

A sobrevivência, na natureza selvagem, obedece à lei do mais forte. No mundo dos negócios, a regra se aplica a quem se adapta melhor. E, no coração dos apaixonados por animais, sobrepõe-se sempre o amor e o respeito por seres vivos que colorem outras vidas… de maneira tão intensa que, mesmo no meio da noite, em um tanque a milhas de distância do lar, são capazes de transformar todo um destino.

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O SimplesVet é um sistema de gestão de pet escolhido por mais de 6.000 clínicas veterinárias e petshops. Estamos em todo o Brasil, simplificando a rotina de quem ama cuidar dos animais.

Desde 2013, estamos nessa jornada colecionando histórias inspiradoras – de muito trabalho e sucesso. Por isso, criamos esse projeto de Histórias de sucesso para dar voz a essas pessoas incríveis.

E aí, você deseja se juntar conosco nessa trajetória? Quem sabe, em pouco tempo, possamos publicar mais uma história de sucesso: a sua!